Direção Geral - Espirito Santo

Um assassino que muitos escondem.

Um assassino que muitos escondem.

Consumo de álcool causa mais de 16 mil mortes por ano no Brasil

Brasília é a quinta cidade com a maior taxa de casos entre os municípios que têm mais de 500 mil habitantes, de acordo com o Datasus

 Lucas Marchesini

ATUALIZADO 01/03/2020 18:19

O consumo de álcool foi responsável diretamente por pelo menos 16,5 mil mortes, em 2018, último ano com dados disponíveis no datasus, o sistema de informática do Sistema Único de Saúde (SUS). A conta, no entanto, é conservadora, porque não inclui acidentes de trânsito ou outras causas de óbitos influenciadas pela bebida, uma vez que elas não entram nos registros e nas estatísticas oficias.

Se forem somadas as mortes por cirrose, o total chega a 25,6 mil casos no Brasil naquele ano. No entanto, um estudo publicado na Revista Brasileira de Epidemiologia, em maio de 2017, estimou que 48% das mortes por cirrose são causadas pelo álcool. Caso essa relação seja aplicada a 2018, o número chega a 20,9 mil mortes.

O professor do Departamento de Psicologia da Universidade de Brasília Wanderley Codo apontou que a ingestão de álcool é “cada vez mais espalhada”. “A mulher bebe menos, isso se sabe, mas essa diferença vem diminuindo. Você tem cada vez mais uma igualdade no consumo”, apontou.

Segundo Codo, há um componente socioeconômico nessa relação. “As classes menos favorecidas consomem mais e têm maior prejuízo, até porque não dispõem de uma estrutura de cuidado. Os pobres são mais afetados e sofrem mais por causa da falta de condição”, disse.

Outro ponto explicado pelo professor é o da subnotificação, que acontece por algumas razões. “Primeiro, as questões morais. Não é fácil admitir que alguém próximo morreu por um vício, ainda mais com essa concepção de que beber é ‘falta de vergonha na cara’. As pessoas não consideram o alcoolismo como uma outra doença qualquer.”

Além disso, explicou Wanderley Codo, “há o fato de que o álcool não mata apenas diretamente”. “Além da cirrose, existem muitas outras complicações que advêm do uso, mas que não podem ser cravadas em uma causa mortis como se fosse uma questão alcoólica.”

 

Mortes por cidade

Ao se verificar as mortes em cada cidade, algumas se sobressaem. Entre os 48 municípios com mais de 500 mil habitantes – e que somam 4,1 mil mortes –, a maior taxa está em Maceió. Em 2018, foram 12 óbitos a cada 100 mil habitantes na capital alagoana.

Para chegar à taxa, o (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, cruzou a quantidade de mortes causadas em 2018 com a população estimada para o município pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o mesmo ano.

Em segundo lugar está Ribeirão Preto (SP), com uma taxa de 11,7 a cada 100 mil. Seguem Aracaju (SE), com uma taxa de 11,6 a cada 100 mil; Teresina (PI), com 11,3 a cada 100 mil; e Brasília, com 10,7 a cada 100 mil. Na capital federal, foram 324 mortes ao todo.

Fonte :www.metropolis.com.br

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Droga que mata uma pessoa a cada 10 segundos no mundo é legalizada

Assustador: consumo de álcool no Brasil começa aos 11 anos

 

Enquanto as drogas proibidas em convenções da ONU matam 250 mil pessoas por ano, o uso abusivo do álcool resulta em 3 milhões de óbitos por ano, o que significa seis mortes por minuto – ou uma morte a cada 10 segundos

O alcoolismo é uma doença grave que atinge 10% da população brasileira. O consumo exagerado do álcool atinge não só a saúde dos dependentes, mas também a vida de seus familiares. E se reflete no alto número de acidentes de trânsito e de trabalho e nos casos de violência doméstica e social.

Pesquisas revelaram que a ,violência contra a mulher na pandemia aumentou juntamente com o consumo de álcool.

Ao contrário de outras drogas que também afetam o sistema nervoso central, como a maconha, o álcool pode ser comercializado e usado livremente, com restrições apenas à venda para menores.

A ausência de uma política restritiva à comercialização e à publicidade de bebidas alcoólicas, segundo especialistas, seria responsável pelo alto consumo entre os jovens.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os brasileiros começam a beber, em média, aos 11 anos de idade. O estudo mostrou ainda que 70% da população já consumiu ou consome algum tipo de bebida alcoólica.

Para a OMS, quanto maior a frequência e a quantidade utilizada, maior é o risco de se tornar dependente. A dependência é definida por um conjunto de sintomas e sinais, tais como o aumento progressivo do número de doses para obter a mesma sensação no organismo, a tolerância aos efeitos do álcool, a síndrome de abstinência quando a substância não é ingerida e os problemas de relacionamento associados ao uso da bebida.

Em um relatório sobre o consumo global e suas consequências para a saúde, a OMS aponta que o consumo de álcool mata mais pessoas do que a Aids, a tuberculose e a violência combinadas. Para se ter uma ideia da gravidade do problema, uma em cada 20 mortes no mundo é causada de alguma forma pelo álcool.

Enquanto as drogas proibidas em convenções da Organização das Nações Unidas (ONU) matam 250 mil pessoas anualmente, o uso abusivo do álcool resulta em 3 milhões de óbitos por ano, o que significa  seis mortes por minutos – ou um a cada 10 segundos.

Fonte: Agencia senado

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Pesquisa associa consumo de álcool e mortes violentas na capital de SP

Publicado em 10/07/2020 - 18:09 Por Camila Boehm – Repórter da Agência Brasil - São Paulo

Acidentes de trânsito com vítimas alcoolizadas foram maioria dos casos

Estudo do grupo de pesquisa Álcool, Drogas e Violência da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) avaliou a associação existente entre o consumo de álcool e as mortes violentas na cidade de São Paulo, e sua relação com sexo, idade, causa de morte e concentração de álcool no sangue – chamada de alcoolemia – das vítimas.

Os resultados da pesquisa Consumo de Álcool e Mortes Violentas na Cidade de São Paulo em 2015, que foi o ano mais recente com dados disponíveis, revelam que a associação entre consumo de álcool e acidentes de trânsito com morte foi a mais significativa. Em 32% dos casos de mortes decorrentes de acidente de trânsito, a vítima havia ingerido álcool. Em segundo lugar, ficaram os homicídios, com 30,5% das vítimas sob efeito de álcool.

A partir da coleta de dados nos arquivos do Instituto de Medicina Legal do Estado de São Paulo, foram identificadas 2.882 vítimas de mortes violentas na capital paulista, no ano de 2015, e que foram submetidas ao exame de concentração de álcool no sangue na autópsia. A idade média das vítimas era 33 anos e a maioria era de homens – 2.425 – o correspondente a 84% da amostra.

O álcool foi detectado nas amostras de sangue de 780 vítimas, sendo 27% do total, com concentração média de 1,92 gramas de álcool por litro de sangue. Os pesquisadores ressaltam que esse índice corresponde a cerca de três vezes ao que criminaliza um motorista pego dirigindo sob efeito de álcool (0,6 g/l). Considerando as 780 vítimas, nove em cada dez eram homens.

“Entre o total de 2.882 vítimas da amostra, o homicídio foi a causa de morte mais prevalente na amostra [1.054 vítimas, ou 37% do total]. Os acidentes de trânsito corresponderam a 20% dos casos [581 vítimas], os suicídios a 15% [427 vítimas] e outras causas de mortes acidentais, tais como quedas, afogamento, eletroplessão, intoxicação, entre outros, corresponderam a 28% dos casos [820 vítimas]”, disse o pesquisador Raphael Eduardo Marques Gonçalves.

Quando consideradas as proporções das vítimas que ingeriram álcool, e considerando a causa da morte, o estudo verificou que 30,5% (322) das vítimas de homicídio tinham ingerido álcool. No entanto, entre as vítimas de acidentes de trânsito, a proporção chegou a 32%, a mais significativa dentro das associações do álcool com mortes violentas. Nos suicídios, a proporção é de 26% e, nas outras causas de mortes acidentais, de 20%.

“A associação do consumo de álcool foi mais forte entre as vítimas de acidentes de trânsito. Mais além, entre as vítimas de acidentes de trânsito a quantidade de álcool consumido também foi maior”, disse Gonçalves.

A faixa de alcoolemia prevalente entre as vítimas do estudo foi de 0,6 a 1,5 gramas de álcool por litro de sangue, observada em 292 casos, ou seja, 37,44% das 780 vítimas que consumiram álcool. Esta foi também a faixa prevalente entre as vítimas de homicídio, observada em 136 dos casos, o que corresponde a 42,24% das vítimas de homicídios que ingeriram álcool; entre os que consumiram suicídio (44 casos, correspondendo a 40%) e também nas outras mortes acidentais (52 casos, ou seja, 32,1%).

Já a faixa de alcoolemia prevalente para o grupo de vítimas de acidentes de trânsito foi acima dessa média, atingindo de 1,6 a 2,5 gramas de álcool por litro de sangue. Ou seja, em 87 casos, o que corresponde a 46,77% das vítimas, elas se enquadravam nessa faixa maior de consumo de álcool. “Conclui-se, portanto, que os resultados obtidos neste estudo sustentam uma potencial associação entre consumo de álcool e mortes violentas na cidade de São Paulo, principalmente em vítimas de acidentes de trânsito”, afirmou Gonçalves.

Edição: Nádia Franco